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Salmo 002

Salmo 2

O drama messiânico[i]

1 Por que as nações se amotinam,
e os povos planejam em vão?[1]

2 Os reis da terra se insurgem,
e, unidos, os príncipes enfrentam
Iahweh e seu Messias:[2]

3 “Rebentemos seus grilhões,
sacudamos de nós suas algemas!”[3]

 

4 O que habita nos céus ri,
o Senhor se diverte à custa deles.[4]

5 E depois lhes fala com ira,
confundindo-os com seu furor:

 

6 “Fui eu que consagrei o meu rei
sobre Sião, minha montanha sagrada!”[ii]

 

7 Publicarei o decreto de Iahweh:[iii]
Ele me disse: “Tu és meu filho,
eu hoje te gerei.[5]

8 Pede, e eu te darei as nações como herança,
os confins da terra como propriedade.

9 Tu as quebrarás com um cetro de ferro,
Como um vaso de oleiro as despedaçarás.”[iv] [6]

 

10 E agora, reis, sede prudentes,
deixai-vos corrigir, juízes da terra.

11 Servi a Iahweh com temor,

12 beijai seus pés[v] com tremor
para que não se irrite e pereçais no caminho,
e num instante sua cólera inflama.
Felizes aqueles que nele se abrigam![7]

[1] At 4, 25-28

[2] Ap 19, 19 // Sl 83,6

[3] Sl 149,8

[4] Is 40,15-17.22-24 // Sl 59, 9

[5] Is 9,5 // Sl 89,27+ // Lc 3,22 // &At 13,33+ // Hb 1, 5: 5,5

[6] Gn 12,7+ // Is 49,6 // Sl 110,5-6 // &Ap 19,15; 2,26-27 // Sb 6,1s

[7] =Sl 34,9 // Pr 16,20

[i] A tradição judaica e a cristã consideram este Sl como messiânico da mesma forma que o Sl 110, do qual poderia depender. Suas perspetivas são messiânicas e escatológicas.

[ii] Inicialmente a “montanha de Deus” era o Sinai (Ex 3, 1; 18, 5), onde Moisés havia encontrado a Deus e dele recebido a Lei (Ex 24, 12-18; Dt 33, 2; cf. 1Rs 19, 8). Quando Salomão edificou o Templo sobre a colina de Sião (2Sm 5, 9+), ela tornou-se a única montanha em que Deus residia, aonde o homem “subia” para ouvi-lo e adorá-lo (cf. Dt 12, 2-3); ela deu seu nome a toda a cidade de Jerusalém, cidade do rei messiânico, em que se reunirão os povos (Sl 48, 1+; Is 2, 1-3; 11, 9; 24, 23; 56, 7; Jl 3, 5; Zc 14, 16-19; cf. Hb 12, 22; Ap 14, 1; 21,1+).

[iii] Depois dos rebeldes (v. 3), depois de Iahweh (v. 6) o Messias toma a palavra. Consagrando-o rei sobre Israel (v. 6), Deus declarou-o “seu filho” segundo uma fórmula familiar ao antigo Oriente, mas que, retomada já pela promessa messiânica de 2Sm 7, receberá sentido mais profundo: o v. 7 será aplicado por Hb 1, 5 e, depois, pela tradição e a liturgia à geração eterna do Verbo.

[iv] O Rei-Messias é representado aqui no seu tradicional papel guerreiro.

[v] “beijai seus pés”, nashsheqû beraglayw, conj.; “e estremecei …beijai o filho” ou” …beijai o que é puro” (o Rolo da Lei), wegîlû… nashsheqû bar, hebr., como também o grego e o Targum (cf. Sl 19,9). O hebraico, sem dúvida, quis eliminar o antropomorfismo.