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Êxodo 24

1. Conclusão da Aliança[i]

24

1Ele disse a Moisés: “Sobe a Iahweh, tu, Aarão, Nadab, Abiú e setenta anciãos de Israel, e adorareis de longe.[1] 2Só Moisés se aproximará de Iahweh; os outros não se aproximarão, nem o povo subirá com ele.”

3Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras de Iahweh e todas as leis,[ii] e todo o povo respondeu a uma só voz: “Nós observaremos todas as palavras ditas por Iahweh.”[2] 4Moisés escreveu todas as palavras de Iahweh; e levantando-se de manhã, construiu um altar ao pé da montanha, e doze estelas para as doze tribos de Israel.[3] 5Depois enviou alguns jovens dos israelitas, e ofereceram holocaustos e imolaram a Iahweh novilhos como sacrifícios de comunhão. 6Moisés tomou a metade do sangue e colocou-a em bacias, e espargiu a outra metade do sangue sobre o altar. 7Tomou o livro da Aliança e o leu para o povo; e eles disseram: “Tudo o que Iahweh falou, nós o faremos e obedeceremos.” 8Moisés tomou do sangue[iii] e o aspergiu sobre o povo, e disse: “Este é o sangue da Aliança que Iahweh fez convosco, através de todas essas cláusulas.”[4]

9E Moisés, Aarão, Nadab, Abiú e os setenta anciãos de Israel subiram. 10Eles viram o Deus de Israel. Debaixo de seus pés havia como um pavimento de safira, tão pura como o próprio céu. 11Ele não estendeu a mão sobre os notáveis dos israelitas. Eles contemplaram a Deu e depois comeram e beberam.[5]

 

Moisés sobre a montanha[iv] [6] – 12Iahweh disse a Moisés: “Sobe a mim na montanha, e fica lá; dar-te-ei tábua de pedra – a lei e o mandamento – que escrevi para ensinares a eles.” 13Levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e subiram[v] à montanha de Deus. 14Ele disse aos anciãos: “Esperai aqui até a nossa volta; tendes convosco Aarão e Hur; quem tiver alguma questão, dirija-se a eles.” 15Depois, Moisés subiu à montanha.[7]

A nuvem cobriu a montanha. 16A glória de Iahweh[vi] pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu durante seis dias. No sétimo dia, Iahweh chamou Moisés do meio da nuvem.[8] 17O aspecto da glória de Iahweh era, aos olhos dos israelitas, como um fogo consumidor no cimo da montanha.[9] 18Moisés, entrando pelo meio da nuvem, subiu à montanha. E Moisés permaneceu na montanha quarenta dias e quarenta noites.[vii] [10]

[1] Ex 19,20; 28,1 // Nm 11,16

[2] Js 24,16-24

[3] Ex 34,27-28 // Js 4,3-9,20·24; 24,26-27 // 1Rs 18,31

[4] Sl 50,5 // &Hb 9,18s // &Mt 26,28p // 1Pd 1,2

[5] Ex 33,20+ // Ez 1,26 // Ap 4,2-3

[6] Ex 31,18; 32,15; 34,1.4.28s // Dt 4,13; 5,22; 9,9.15; 10,1-5 // Js 1,1+

[7] Ex 19,3

[8] Ex 19,9

[9] Dt 4,36

[10] Dt 9,9 // Ex 34,28

[i] O relato dos vv. 1-11 é composto de trechos claramente distintos. 1°) vv. 1-2.9-11, de origem difícil de determinar, talvez preparados por 19,13b+. Considerou-se a passagem como um paralelo de 3-8 e portanto como um relato de conclusão da aliança. o que não se justifica. De fato, este texto salienta que Moisés e seus companheiros puderam ver Deus sem que ele dirigisse sua mão contra eles (vv. 10-11). Apenas a frase “eles comeram e beberam” em 11b e paralelos de alianças humanas (cf. Gn 31,43-54), permitiram dizer que havia aí uma conclusão de aliança, mas provavelmente o fim do v. 11 devo ser lido com 3-8. Estes versículos não são sequer homogêneos: contrariamente a 9-11, 1-2 dizem que apenas Moisés se aproximou de Iahweh. 2°) vv. 3-8, talvez de tradição eloísta. Aqui, é claramente questão de conclusão de aliança entre Deus e Israel. O sangue espalhado sobre o altar e sobre o povo e a leitura solene do “livro da A liança” são elementos essenciais do rito. A significação para todo o Israel é expressa pelas doze estelas (v. 4). Esperar-se-ia algo diferente, uma refeição festiva (cf. 32,1-6), ainda mais porque houve sacrifícios pacíficos ou de comunhão (v. 5). É provável que a frase “eles comeram e beberam” (fim do v. 11), seja o fim do relato de conclusão da aliança; ela pode ter-se deslocado para desfazer o paralelismo com 32,1-6, uma vez que este paralelismo entre a conclusão da aliança e sua ruptura tinha dimensão altamente significativa.

[ii] As “palavras”, mencionadas somente depois, referem -se ao Decálogo (cf. 20,1), chamado “livro da Aliança” no v. 7. A expressão “e todas as leis” foi introduzida mais tarde para justificar a inserção do Código da Aliança no contexto (cf. 21,1), e para fazer dele também uma parte das cláusulas da aliança.

[iii] Moisés.intermediário entre Iahweh e o povo, une-os simbolicamente espalhando sobre o altar, que representa Iahweh, e depois sobre o povo, o sangue de uma única vítima. O pacto é então ratificado pelo sangue (cf. Lv 1,5+), como a Nova Aliança o será pelo sangue de Cristo (Mt 26,28+; Hb 9,12-26+).

[iv] Os vv. 12-15a.18b são provavelmente de tradição eloísta e asseguram a transição com o cap. 32 (ausência de Moisés do acampamento); os vv. 15b-18a provêm da tradição sacerdotal. Aqui o essencial é introduzir o tema da glória de Iahweh.

[v] “eles subiram”, grego; “e Moisés subiu”, hebr.

[vi] A “glória de Iahweh” é, na tradição sacerdotal (13,22+), a manifestação da presença divina. É um fogo bem distinguido (aqui e 40,34-35) da nuvem que o acompanha e o envolve. Esses traços são tomados das grandes teofanias que se desenvolvem no quadro de uma tempestade (19,16+), mas assumem sentido superior: esta luz brilhante, cujo reflexo irradiará sobre a face de Moisés (34,29), exprime a majestade inacessível e temível de Deus, e pode aparecer fora de tempestade (33,22). Ela enche a Tenda recentemente armada (40,34-35), como tomará posse do Templo de Salomão (1Rs 8,10-11). Ezequiel a vê deixar Jerusalém, na véspera de sua destruição (Ez 9,3; 10,4.18-19; 11,22-23), e voltar ao novo santuário (Ez 43,1s), mas esta “glória” é para ele uma aparência humana luminosa (Ez 1,26-28). Em outros textos, especialmente nos Salmos, a glória de Iahweh exprime somente a majestade de Deus ou a honra que se lhe deve, muitas vezes com matiz escatológico; ou ainda (Ex 15,7), o seu poder miraculoso (cf. a “glória” de Jesus: Jo 2,11: 11,40).

[vii] Comparar com os quarenta dias da viagem de Elias ao Sinai (1Rs 19,8) e os quarenta dias de Cristo no deserto (Mt 4,2p).