17 |
A água da rocha[i] [1] – 1Toda a comunidade dos israelitas partiu do deserto de Sin para as etapas seguintes, segundo a ordem de Iahweh, e acamparam em Rafidim, onde não havia água para o povo beber. 2O povo discutiu, pois, com Moisés, e disse: “Dá-nos água para beber.” Respondeu-lhes Moisés: “Por que discutis comigo? Por que pondes Iahweh à prova?”[2] 3Ali o povo teve sede e o povo murmurou contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matar de sede a nós, a nossos filhos e a nossos animais?” 4Então Moisés clamou a Iahweh, dizendo: “Que farei a este povo? Pouco falta para que me apedrejem.”[3] 5Iahweh disse a Moisés: “Passa adiante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; leva contigo, na mão, a vara com que feriste o Rio, e vai. 6Eis que estarei diante de ti, sobre a rocha (em Horeb);[ii] ferirás a rocha, dela sairá água e o povo beberá.” Moisés assim fez na presença dos anciãos de Israel.[4] 7E deu àquele lugar o nome de Massa e Meriba,[iii] por causa da discussão dos israelitas e porque colocaram Iahweh à prova, dizendo: “Está Iahweh no meio de nós, ou não?”[5]
Combate contra Amalec[iv] – 8Ora, veio Amalec e combateu contra Israel em Rafidim. 9Então Moisés disse a Josué: “Escolhe homens, e amanhã sai para combater contra Amalec; eu ficarei no cimo da colina com a vara de Deus na mão.” 10Josué fez o que Moisés lhe dissera, para combater Amalec, e Moisés, Araão e Hur subiram ao topo da colina.[6] 11E enquanto Moisés ficava com as mãos levantadas, Israel prevalecia; quando, porém, abaixava as mãos, prevalecia Amalec.[7] 12Ora, as mãos de Moisés estavam pesadas; tomando então uma pedra, puseram-na debaixo dele e ele se sentou; Aarão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um de um lado e o outro do outro.
Assim as suas mãos ficaram firmes até o pôr-do-sol. 13E Josué pôs em fuga Amalec e seu povo ao fio da espada. 14Então Iahweh disse a Moisés: “Escreve isso para memorial num livro, e declara a Josué que hei de extinguir a memória de Amalec de debaixo do céu.”[8] 15Depois Moisés construiu um altar, e pôs-lhe este nome: “Iahweh-Nissi”,[v] 16porque ele disse: “A bandeira de Iahwch em mãos! Iahweh está em guerra contra Amalec de geração em geração”.
[1] ||Nm 20,1-13 // Nm 33,12-14
[2] Ex 15,24; 14,11+ // Dt 6,16
[3] Nm 14,10
[4] Nm 20,10+
[5] Nm 20,24 // Dt 6,16; 9,22; 32,51; 33,8; 95,8; 106,32
[6] Ex 24,14
[7] Sl 44,5-8
[8] Dt 25,17-19 // Nm 24,20 //1Sm 15,3s
[i] Um milagre análogo é referido em Nm 20,1-13 (cf. 1+), que o situa na região de Cades. Aqui é localizado em Rafidim, a última etapa antes do Sinai. Fora da notícia da partida e do acampamento (v. 1a), de tradição sacerdotal, o relato parece combinar elementos de tradições javista e eloísta. E ainda o tema das murmurações no deserto (cf. 15,24+).
[ii] “em Horeb” deve ser uma glosa de leitor. Alguns rabinos supuseram que a rocha seguiu os israelitas em suas peregrinações (cf. 1Cor 10,4). Sobre a designação do próprio Deus como “Rochedo”, ver Sl 18,3+.
[iii] Massa: provação. Meriba: contestação.
[iv] Esta antiga narrativa, provavelmente de tradição javista, representa uma tradição das tribos do sul. É ligada redacionalmente a Rafidim, onde se situava o episódio precedente. De fato, os amalecitas tinham o seu habitat mais ao norte, no Negueb e na montanha de Seir (Gn 14,7; Nm 13,29; 1Cr 4,42s), e é nesta região que se deve procurar Horma (Nm 14,39-45, cf. Dt 25,17-19; 1Sm 15). Apresentado por Gn 36,12.16 como neto de Esaú, Amalec é de fato um povo muito antigo (Nm 24,20). No tempo dos juízes, ele se associa aos invasores de Madiã. Davi ainda o combateu. Depois só é mencionado em 1Cr 4,43 e Sl 83,8.
[v] O nome significa “Iahweh é minha bandeira”: é preciso restituir este termo ao v. seguinte, em lugar do hebr. “trono”.