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Israel é um povo separado[1] – 1Quando Iahweh teu Deus te houver introduzido na terra em que estás entrando para possuí-la, e expulsado nações mais numerosas do que tu – os heteus, os gergeseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus[i],- sete nações mais numerosas e poderosas do que tu; 2quando Iahweh teu Deus entregá-las a ti, tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema. Não farás aliança com elas e não as tratarás com piedade.[2] 3Não contrairás matrimônio com elas, não darás tua filha a um de seus filhos, nem tomarás uma de suas filhas para teu filho; 4pois deste modo o teu filho se afastaria de mim para servir a outros deuses, e a cólera de Iahweh se inflamaria contra vós, exterminando-te rapidamente.[3] 5Eis como deveis tratá-los: demolir seus altares, despedaçar suas estelas, cortar seus postes sagrados e queimar seus ídolos.[4] 6Pois tu és um povo consagrado a Iahweh teu Deus; foi a ti que Iahweh teu Deus escolheu para que pertenças a ele como seu povo próprio, dentre todos os povos que existem sobre a face da terra.[ii] [5]
A eleição e o favor divino[6] – 7Se Iahweh e afeiçoou a vós e vos escolheu, não é por serdes o mais numeroso de todos os povos – pelo contrário: sois o menor dentre os povos! – 8e sim por amor a vós e para manter a promessa que ele jurou aos vossos pais; por isso Iahweh vos fez sair com mão forte e te resgatou da casa da escravidão, da mão do Faraó, rei do Egito.[7] 9Saberás, portanto, que Iahweh teu Deus é o único Deus, o Deus fiel, que mantém a Aliança e o amor por mil gerações, em favor daqueles que o amam e observam os seus mandamentos;[8] 10mas é também o que retribui pessoalmente aos que o odeiam: faz com que pereça sem demora[iii] aquele que o odeia, retribuindo-lhe pessoalmente.[9] 11Observa, pois, os mandamentos, os estatutos e as normas que eu hoje te ordeno cumprir.
12Se ouvirdes estas normas e as puserdes em prática, Iahweh teu Deus também te manterá a Aliança e o amor que ele jurou ao teus pais;[10] 13ele te amará, te abençoará e te multiplicará; abençoará também o fruto do teu ventre e o fruto do teu solo, teu trigo, teu vinho novo, teu óleo, a cria das tuas vacas e a prole da tuas ovelhas, na terra que prometeu ao teus pais que te daria.[11] 14Serás mais abençoado do que todos os povos. Ninguém do teu meio será estéril, seja o homem, a mulher, ou o teu gado. 15Iahweh afastará de ti toda doença e todas as graves enfermidades do Egito que bem conhece. Ele não a infligirá a ti, mas a todo os que te odeiam.[12]
16Portanto, devorarás todos os povos que Iahweh teu Deus te entregar. Que teu olho não tenha piedade deles e nem sirvas seus deuses: isto seria uma armadilha para ti .[13]
A força divina[14] – 17Talvez digas em teu coração: “Estas nações são mais numerosas do que eu, como poderia conquistá-las?” 18Não deves ter medo delas! Lembra-te bem do que Iahweh teu Deus fez ao Faraó e a todo o Egito: 19as grandes provas que teus olhos viram, os sinais e os prodígios, a mão forte e o braço estendido com que Iahweh teu Deus te fez sair! Iahweh teu Deus tratará do mesmo modo todos os povos de que tens medo! 20Além disso, Iahweh teu Deus enviará vespas contra eles, perecendo até os que tiverem restado e se tiverem escondido de ti.[15]
21Não fiques aterrorizado diante deles, pois Iahweh teu Deus, que habita em teu meio, é Deus grande e terrível. 22Iahweh teu Deus pouco a pouco irá expulsando essas nações da tua frente; não poderás exterminá-las rapidamente: as feras do campo se multiplicariam contra ti.[iv] [16] 23É Iahweh teu Deus quem vai entregá-las a ti: elas ficarão profundamente perturbadas até que sejam exterminadas. 24Ele vai entregar seus reis em tua mão, e tu apagarás o seu nome de sob o céu: ninguém resistirá em tua presença, até que os tenhas exterminado.
25Queimareis os ídolos dos seus deuses. Não cobiçarás a prata e o ouro que os recobrem, nem os tomarás para ti, para que não caias numa armadilha, pois são uma coisa abominável a Iahweh teu Deus. 26Portanto, não introduzirás uma coisa abominável em tua casa: tornar-te-ias anátema como ela. Considera-as como coisa imundas e abomináveis, pois elas são anátemas.[17]
[1] Ex 34,11-17 // Sl 106,34-39 // At 13,19 // Dt 4,38+
[2] Ex 23,32-33; 34,12-16
[3] Jz 3,5-6 // 1Rs 11,1-2 // Esd 9,1-2
[4] Dt 12,3
[5] Ex 19,6+ // Dt 14,2 // Is 62,12 // Jr 2,3 // Am 3,2
[6] Jo 15,16 // 1Cor 1,26-29
[7] 1Jo 4,10.19 // Mq 6,4
[8] Dt 4,35+; 5,9s // Ex 34,6-7
[9] &2Rs 14,6 // Dt 24,16+ // Jr 31,29-30 // Ez 14,12+
[10] Ex 23,22-23
[11] Jo 14,21-23 // Lc 1,72
[12] Dt 28,60 // Ex 15,26
[13] Ex 23,24-3l
[14] Dt 9,1-6
[15] Ex 23,28 // Js 24,12 // Sb 12,8
[16] Ex 23,29 // Jz 2,6+
[17] Lv 27,28+
[i] Esta lista estereotipada de seis ou sete populações pré-israelitas da Palestina se encontra com algumas variantes em 20,17 e em Gn 15,20; Ex 3,8.17; 13,5; 23,23; 33,2; 34,11; Js 3,10; 9,1; 11,3; 12,8; 24,11: Jz 3,5; 1Rs 9,20: Esd 9,1; Ne 9,8; 2Cr 8,7. Os cananeus representam a base da população semítica da Palestina. Os amorreus são uma vaga semítica posterior, chegada no fim do III milênio. A tradição “javista” prefere o primeiro nome, a tradição “eloísta” emprega sobretudo o segundo; Js 11,3. distingue-os geograficamente (cf. Js 9,10). Os heteus são um povo da Asia Menor, cujo nome é aplicado impropriamente a um grupo não semítico da Palestina (Gn 23). Os gergeseus, ferezeus e heveus têm pouca importância. Os jebuseus são antigos habitantes de Jerusalém (2Sm 5,6+).
[ii] Temos aqui a afirmação da eleição de Israel, como em 14,2. Deus foi “procurar um povo para si” com meios miraculosos (4,34; cf. 4,20; 26,7-8). Os motivos desta escolha são dados aqui (vv. 7-8): o amor e a fidelidade às promessas feitas gratuitamente aos pais (cf. 4,37; 8,18; 9,5; 10,15). Esta escolha foi selada pela Aliança (cf. v. 9; 5,2-3), e faz de Israel povo consagrado (cf. v. 6 e 26,19). Esta teologia da eleição, que 6 tão fortemente expressa no Dt, forma o substrato de todo o Antigo Testamento, no qual Israel é povo à parte (Nm 23,9), o povo de Deus (Jz 5,13), a ele consagrado (Ex 19,6+), que entrou na sua Aliança (Ex 19,1+), seu filho (Dt 1,31+), a nação do Emanuel, “Deus conosco” (Is 8,8.10). Esta eleição faz de Israel um povo separado, mas os profetas anunciam o reconhecimento de Iahweh por todas as nações, e o universalismo da salvação (Is 49,6; 45,14+; Zc 14,16). É a era messiânica, aberta pela vinda de Jesus.
[iii] Outra tradução possível: “sem procurar outro”. Este v. insiste na responsabilidade individual (cf. Dt 24,16), progresso sobre Ex 34,7, à espera de Ezequiel (cf. Ez 14,12+; 18).
[iv] Este verso é paralelo de Ex 23,29, assim como o v. 20 era paralelo de Ex 23,28. É a interpretação deuteronomista da lentidão da conquista (cf. Ex 23,30+ e Jz 2,6+). Dt 9,3 insiste, pelo contrário, na terrificante intervenção de Iahweh guerreiro.