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Deuteronómio 06

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1São estes os mandamentos, os estatutos e as normas que Iahweh vosso Deus ordenou ensinar-vos, para que os coloqueis em prática na terra para a qual passais, a fim de tomardes posse dela, 2e, assim, temas a Iahweh teu Deus[i] e observes todos os seus estatutos e mandamentos que eu hoje te ordeno – tu, teu filho e teu neto, – todos os dias da tua vida, para que os teus dias se prolonguem.[1] 3Portanto, ó Israel, ouve e cuida de pôr em prática o que será bom para ti e te multiplicará muito, conforme te disse Iahweh Deus de teus pais, ao entregar-te uma terra onde mana leite e mel.[2]

4Ouve, ó Israel: Iahweh nosso Deus é o único Iahweh![ii] 5Portanto, amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força.[iii] [3] 6Que estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! 7Tu as inculcarás aos teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando em teu caminho, deitado e de pé.[4] 8Tu as atarás também à tua mão como um sinal, e serão como um frontal entre os teus olhos; 9tu as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas.

10Quando Iahweh teu Deus te introduzir na terra que ele, sob juramento, prometeu a teus pais – Abraão, Isaac e Jacó – que te daria, nas cidades grandes e boas que não edificaste,[5] 11 nas casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; poços abertos que não cavaste; vinhas e olivais que não plantaste; quando, pois, comeres e estiveres saciado, 12fica atento a ti mesmo! Não te esqueças de Iahweh, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão![6] 13É a Iahweh teu Deus que temerás. A ele servirás e pelo seu nome jurarás.

 

Apelo à fidelidade – 14Não seguireis outros deuses, qualquer um dos deuses dos povos que estão ao vosso redor, 15pois Iahweh teu Deus é um Deus ciumento, que habita em teu meio. A cólera de Iahweh teu Deus se inflamaria contra ti, e ele te exterminaria da face da terra.[7] 16Não tentareis a Iahweh vosso Deus como o tentastes em Massa.[8] 17Observareis cuidadosamente os mandamentos de Iahweh vosso Deus, bem como os testemunhos e estatutos que ele te ordenou. 18Farás o que é reto e bom aos olhos de Iahweh, para que tudo te corra bem e venhas a possuir a boa terra que Iahweh prometeu aos teus pais, 19expulsando da tua frente todos os teus inimigos. Assim falou Iahweh!

20Amanhã, quando o teu filho te perguntar: “Que são estes testemunhos e estatutos e normas que Iahweh nosso Deus vos ordenou?”, 21 dirás ao teu filho: “Nós éramos escravos do Faraó no Egito, mas Iahweh nos fez sair do Egito com mão forte.[9] 22Aos nossos olhos Iahweh realizou sinais e prodígios grandes e terríveis contra o Egito, contra o Faraó e toda a sua casa. 23Quanto a nós, porém, fez-nos sair de lá para nos introduzir e nos dar a terra que, sob juramento, havia prometido aos nossos pais. 24Iahweh ordenou-nos então cumprirmos todos estes estatutos, temendo Iahweh nosso Deus, para que tudo nos corra bem, todos os dias; para dar-nos a vida, como hoje se vê. 25Esta será a nossa justiça: cuidarmos de pôr em prática todos estes mandamentos diante de Iahweh nosso Deus, conforme nos ordenou.”

[1] Ex 15,26

[2] &Lc 11,28

[3] Dt 10,12 // &Mt 22,37p

[4] Dt 10,2; 11,18-21 // Jr 31,33 // Ex 13,9.16

[5] Js 24,13

[6]

[7] &Mt 4,10p // Ex 23,32-33 // Dt 4,24+

[8] &Mt 4,7p // Ex 17,1-7 // Nm 20,2-13

[9] Ex 12,26s; 13,8

[i] “Temer a Iahweh” torna-se expressão típica da fidelidade à Aliança. Doravante, o temor (Ex 20,20+) comporta por sua vez amor que responde ao amor de Deus (4,37) e obediência absoluta a tudo o que Deus ordena (6,2-5; 10,12-15; cf. Gn 22,12). O conteúdo religioso e moral desse temor vai se purificando sem cessar (Js 24,14; 1Rs 18,3.12; 2Rs 4,1; Pr 1,7+; Is 11,2; Jr 32,39 etc.).

[ii] Outra tradução às vezes proposta: “Ouve, Israel, Iahweh é nosso Deus, Iahweh somente”. A expressão, contudo, parece ser afirmação de monoteísmo. Ela se tornará o início da oração chamada Shemá (“Ouve”), que continua a ser uma das mais caras à religião judaica. Ao longo da história de Israel esta fé num Deus único não deixou de se destacar, com precisão crescente, da fé na eleição e na Aliança (Gn 6,18; 12,1+; 15,1 etc.). A existência de outros deuses nunca foi expressamente afirmada nos tempos antigos, mas cada vez mais a afirmação do Deus vivo (5,26+), único senhor do mundo e do seu povo (Ex 3,14+; 1Rs 8,56-60; 18,21; 2Rs 19,15-19; Eclo 1,8-9; Am 4,13; 5,8; Is 42,8+; Zc 14,9; Mq 1,11), desdobrou-se em negação sistemática dos falsos deuses (Sb 13,10+; 14,13; Is 40,20+; 41,21+).

[iii] O amor de Deus não é proposto à escolha, é mandamento. Este amor, que corresponde ao amor de Deus por seu povo (4,37; 7,8; 10,15), inclui o temor de Deus, a obrigação de servi-lo e observar seus preceitos (cf. v. 13; 10,12-13; 11,1; cf. 30,2). Este mandamento de amar não se encontra explicitamente fora do Dt, mas o equivalente é fornecido por 2Rs 23,25 e por Os 6,6. Embora sem preceito, o sentimento do amor para com Deus perpassa os livros proféticos, sobretudo Oseias e Jeremias, e os Salmos. Jesus, citando Dt 6,5, apresenta como o maior mandamento o amor de Deus (Mt 22,37p) um amor que é ligado ao temor filial, mas que exclui o temor servil (1Jo 4,18).